quinta-feira, 30 de maio de 2013

C.O.V.A

Elisas - Alemanha - Brasil.

Saudade é uma cova viva
Eu ainda estou morna
Minha pele ressecada é de lembrança
O afeto monstruoso
Arroto inúmeras vezes o teu tamanho
Eu retorno com meu coração assombrado e pelado
Nunca preparado
Sim, sabemos, a saudade é uma cova viva
Vã regressão sentimental
Afiada e desconfiada
Rasa, chata, rata, rapta
Tarda, fada, faca e nada

Saudades.

sexta-feira, 24 de maio de 2013

Tim Burton´s tree





Há uma rua onde uma árvore morre a cada dia. E sua sombra é um descompasso belo em decadência...

quarta-feira, 22 de maio de 2013

Zelo-zero

La Burca em dia de contaminação. Foto por : Dagma Miscelânea
Eu zerei. Nada entrou. Nada saiu. Zero. Vácuo. Só o barulho agudo do meu nervosismo e o sangue grave correndo em minhas veias. Acabei. Vácuo. Zunido (in)finito. Não rezei, apenas reclamei. Internamente, perversamente. Malvada e ingrata. Nada. Seca. Morta. Um recado inútil, nunca passado. Zerada, cheia de números que não somam. A arcada dentária derrapa em minha boca, mordo o verde e engulo a carne pesada. Gases, cólicas, gritos sufocados em vergonha. Se quebro, continua quebrado. O barulho da janela. Anos e anos e a janela continua gritando, berrando, arrastando o barulho de ser janela.
E não há óleo que a cale. Não existe o óleo. Sem conserto assume o erro. Cabe no erro, confortável erro. A sombra hereditária castiga, mastiga. Queima, arde amarga. O catarro não sai, gramas de quilos salgados escorregam guela abaixo. Gosto ruim, entorpece-me o sangue frio. Bem embaixo, lá embaixo, deito-me. Estou gelada, apaixonada pelo delírio. O desprezo engorda o desgosto, já não mais desgosto, e sim, gosto. Eu zerei. Nada entrou, nada saiu.


Texto provavelmente escrito em 2007, encontrado em um zine semi-esquecido da autora.