terça-feira, 27 de outubro de 2009

"Ode do catarro ralo à letargia do verbo vital agir"

Olho torto, azia prazerosa, como-cavo pelas bordas. Esterco pós-alucinógeno. Labirinto da conversão. Não entre = saída. No ay escola, no ay moldura, contra (a) cultura. Cacofonia doentia, corredores isolados. Solidão sádica, por vezes sábia e quem sabe é lábia euforia. Avante, passos largos em sapatos tímidos - bolor, bituca e alergia. Cheiro podre de bom. Dê ré, agora atropele. Putos! Truco! Zunido e a faca de sombras dançando sem som. Eu cubro, tu despes, ele espia. Pornografia política do sempre agora lá fora. Papo de boteco, boneca. Uma semi verborragia jorra parestesia. Vibrador anti ideologia soma demagogia. Quantos ia(m)!? Nihiill is so fuckiing retard(ead ) no teu cú. Estes vários nada cheios. Porra seca. Hedonismo imaginário grande e brocha. Um peido para quem apagar mais velinhas nesta vila e continuar são em vão. Misto quente é uma fria, se anule ou emule os esquinões. Refogue o jejum e vomite tua fome.

Atividade 1 >   Quem é aquele(a) dentro do co(r)po bio-chique-eletro-autosustentável-doping? Hum, parece que acabaram de beber ele(a) inteiro(a). E de graça. Arrôto.




Após espamos da leitura dum maldito livrinho dum certo Petter Baiestorf e anos de beatnismo misturado  a média costura de idéias num final de tarde dum jardimzinho ordinário kultural nesta mais ordinária cidade bunker buraco zero limites de coletivos atuantes, errantes, berrantes, enfim, existentes. Outro dia conto. Não encontrei ninguém pra entrevistar. Aff.

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Mestre tibetano






"Love is a fire
It burns everyone
It desfigures everyone
It is the world´s excuse
for being ugly"




 Poema do livro "The energy of slaves- poems by Leonard Cohen"*(1972), que tive a sorte de encontrar numa feira de livros seminovos há alguns anos.



*Cohen é poeta e músico canadense, único, de estilo simples e intenso transborda vida pelas linhas e sons de sua extensa e adorável obra, nos remetendo a acontecimentos/relacionamentos frágeis, mágicos e por vezes estúpidos a que estamos sujeitos, irradiando uma leveza peculiar que só ele tem ao encarar a vida, amor, morte e tudo o mais.
Depois de excessos de vida boêmia, hoje este louvável senhor de 75 anos! encara uma rotina de meditação, sombra e água fresca( e atualmente está em turnê na Europa!). Conheça tudo o que puder deste homem, vale a pena reler, rever, reouvir, até gastar bem as folhas do livro ou trocar diversas vezes a agulha do play ( no meu caso pois tenho 3 LPs que não vendo, não troco e não empresto por nada).

quinta-feira, 15 de outubro de 2009

MIKURA




foto-arte by Anke Merzbach*




Hoje estive relaxada, o efeito ainda ressoa sobre meu corpo pesado e em minha mente amarga. Há tempos não sentia nada parecido assim. Primeiro o meu corpo, especialmente as pernas, ou melhor, minha coxa direita, formigava delicadamente. Com o tempo o formigamento se intensificou, não sentia minha perna direita como parte do meu corpo. Logo em seguida essa sensação se espalhou pelas minhas costas, percorrendo o meu tronco, nuca, braços, palma da mão, boca, olhos e orelhas. Meu joelho parecia estar derretendo e não sei como minha pele não acompanhava essa mutação/transformação. Ah, nessa altura eu estava babando e nem percebia. Meus olhos estavam preguiçosamente fechados e meus pensamentos transformados em sonhos. 
Tudo parecia tão normal pra mim que tive um acesso de riso incontrolável , digo, mentalmente. Se bem que me lembro da minha boca entreaberta, risonha e patética. Meus sonhos/pensamentos divagavam, tudo parecia tão real que consegui me ver pequenina e estranha através e atrás de mim. Meu corpo estava esticado de bruços e meu peso oscilava entre 20 a 80 kilos. Era tão leve e pesado ao mesmo tempo! Fiz um esforço enorme pra acordar, e eu já estava acordada, mas meu corpo não obedecia. De repente sinto beliscões e choques em minhas costas, e vários pontos do meu corpo despertam numa sincronia incrível. Suavemente me levanto e tento me encontrar mentalmente. Estou me sentindo tão confortável que meus pensamentos nem me fazem falta. Mas preciso formular palavras para conversar com o Doutor. Ele já me esperava na sala em que eu estava, mas eu não o havia percebido. Sorrio revigorada e atrapalhada, as palavras saem moles e arrastadas da minha boca. Ele me explica que a sessão surtiu efeito e que eu estava bem. Sinto-me inexplicavelmente lúcida. 
Obrigada doutor, obrigada pelas agulhas e sementes experimentadas em meu corpo. Ah, os chineses sabem e muito explorar as sensações múltiplas de um corpo tímido e desajeitado, influenciando a psique ao relaxamento. Que droga boa... E não é tóxica. É acupuntura. E o doutor não era chinês.


* Anke Merzback é fotógrafa alemã, que através do photoshop recria magníficas imagens surrealistas, conheça seu universo.

domingo, 11 de outubro de 2009

FÁBIO LEOPOLDINO – homenagem tardia II

Hoje faz 5 meses que Fábio se foi. Ele foi um grande desconhecido, de uma das bandas mais originais dos anos 90 deste país carnavalesco, a Second Come. Soube da sua morte através duma notinha da FOLHA, na sessão do Cotidiano, fiquei passada, me tocou mesmo, liguei pro meu namorado contando isso na hora, pensando: Caracas, o cara foi um dos maiores do “rock alternativo” e puff! é lembrado nesta simples notinha nesta sessãozinha do jornal...putz. Que cultura mais desleixada essa nossa, não há o costume e nem a intenção em reconhecer verdadeiros artistas-músicos-poetas etc etc etc... E assim muitos são noucateados vivos. Mas Fábio também optou pela reclusão, morava com sua mãe em Valença(RJ) e morreu em seus braços. Solitário e único, assim como o som de sua banda. Ele estava com 46 anos e teve infarto fulminante.
Além da Second Come, ele participou das bandas indies Eterno Grito, Stellar e Polystyrene. A quem interessar, procurem pelo primeiro cd da banda, “You”(o que mais marcou minha estendida adolescência), que tem a capa desenhada por ele -além de músico também era desenhista.  Neste debut álbum há uma versão maravilhosa da música “Justify my love” (Madonna/Kravitz), além de outros hits inesquecíveis.  Impossível sair ileso desta audição. Vida longa aos sons leopoldinos!
DOWNLOAD NO ROCK FOR MASSES

 Este clipe, de Perfidiousness, condensa a poética sonora distorcida do Second Come:

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

Pequeno (e)feito notável



Este curta “O homem cego de si” tem uma estorinha medíocre de tentativa de boicote. Era pra ser feito pra uma matéria de meu curso de jornalismo, a nota final dum documentário cinematográfico, no caso fictício, com tendência experimental-poética-vanguardista(sim, pensei utopicamente que estivessem preparados e interessados em uma abordagem não-convencional de curtas-doc....) pois bem, acontece q “uma” professora estúpida-limitadíssima, ultra conservadora, xiita preconceituosa de plantão e outros adjetivos que prefiro não citar, simplesmente proibiu seu desenvolvimento dentro das dependências da “arena porca e pobre” de “seu” laboratório de TV. “Proibiu” não seria o termo certo, apenas fez meu grupo(bando de garotas fracas, há de se lembrar) desistir alegando que a nota seria seriamente prejudicada, persuadiu maquiavelicamente e ainda inventou lorotas típicas de colegiais quanto a integridade moral do ator. Motivo: não aceitava que o protagonista, o ator independente, artista maldito e jornalista de longa data Hesso Maciel participasse do curta pois segundo ela traria muitos problemas (não explicado de forma racional, dissimulando através duma “linha editorial obscura” que não aceitava um sujeito com um histórico problemático na vida social desta limitada cidade sem limites. Real motivo, pasmem: Maciel é gay assumido e quando ela soube que o mesmo seria o único ator, perguntou, me deixando abismada: “Mas ele é gay, não é? Outra pérola-jaca: “ Já usou drogas, é um drogado!” Vai ficar enrolando baseado no filme?” Karaleo, existe gente deste nível “ensinando” ainda e não há diálogo! Detalhe: Maciel beira os 70 anos e, sim, é meio louco, mas de natureza, como todos nós, bem, as vezes, um pouco mais. Enfim, o cara já participou de inúmeras peças teatrais com figurões como Eva Wilma, e participou de alguns longas do mestre não menos maldito Zé do Caixão (inclusive do classicão "O estranho mundo de Zé do Caixão"). Não preciso explicar mais nada, o fato me injuriou de tal forma que quase surtei, fiquei indignadíssima. E o pior é que alunos-ovelhas-moscas-bostas tentavam me desestimular dizendo que não adiantava mais, aceite o “jogo da velha”( porra, não jogo com ninguém, principalmente minhas idéias-roteiros). Mas então consegui finalizar, graças a força de outro professor, o open mind “Tim Maia”, de outra matéria sem ligação com meu curso, e lógico, graças a edição surreal de Ar Karriel. Isso mostra que a força do faça-você-mesmo não tem como ser boicotada, só estimulada! Miaaaaaaaaaaaaaauuuurgh!!!

Obs: faço parte do grupo bonequinho http://www.bonequinhologia.blogspot.com/ para o qual este curta se encaixou perfeitamente, sendo o primeiro de muitos da banda. O underground agradece, não?

terça-feira, 6 de outubro de 2009

Adeus tardio!






Solo le pido a Dios 


Solo le pido a Dios
Que el dolor no me sea indiferente,
Que la reseca
Muerta no me encuentre
Vacio y solo sin haber hecho lo suficiente.
Solo le pido a Dios
Que lo injusto no me sea indiferente,
Que no me abofeteen la otra mejilla
Despues que una garra me araño esta suerte.
Solo le pido a Dios
Que la guerra no me sea indiferente,
Es un monstruo grande y pisa fuerte
Toda la pobre inocencia de la gente.

Solo le pido a Dios
Que el engaño no me sea indiferente
Si un traidor puede mas que unos cuantos,
Que esos cantos no lo olviden facilmente.
Solo le pido a Dios
Que el futuro no me sea indiferente,
Desahuciado esta el que tiene que marchar
A vivir una cultura diferente. 



Com algum delay...descanse em paz negra guerreira!