domingo, 25 de abril de 2010

O pônei, a fada e eu




 E mais uma vez fui interrompida por aqueles que mais amo
Todas as minhas palavras foram caladas, como uma canção bela & esquecida

Há tanto tempo eu quero compreender melhor tudo aquilo que admiro
E isso sempre me escapa,
E eu não sei em qual tentativa me encontro agora

Penso que prefiro não conhecer o mistério
Apenas admirá-lo para justamente continuar admirando-o

E o imperialismo sentimental vinga, vinga, vinga, vinga-se
Eu ouço a marcha, não consigo escapar da marcha
A marcha entre o pós e o pré, nunca agora.



...Dedicado à Maria Amélia, saudades, em algum lugar de 2002.
Foto por Amandla R., modelo Karol Zin.

segunda-feira, 5 de abril de 2010

Normal é tudo que existe. (?)

Cena 1:  A garota passa mal. Abusada, abusou. O companheiro da jornada está além. Bem? Somente aquém. Seus olhos negros foscos loucos. Some.

Cena 2: A garota liga pra seu garoto. Ele absorto. Põe roupa, vai até ela.
Eternos quarteirões. Nada pode fazer. Apenas estar. As mãos se encontram. Pacto-tato.

Cena 3: Água, tragam água. Baba. Fixa o olhar no poste. A placa PARE grita. Ela está sentada na sarjeta. Dejavu. Nenhum movimento, luta com sua mente. Manteve-se, quase. Não, não olhe.

Cena 4: Perdeu-se. Mergulha fundo. De novo. Tenta lembrar alguma reza,  tem pressa. Tudo gira, ofusca, dói. Vórtice negro e branco, palpitação, aceleração, contaminação. Fixa o olhar num matinho insistente entre o seco e o verde. Náusea, água, gelo, frio.

Cena 5: Pressão, pressão, pressão. Sal, tragam sal. Água, água. A garota está comprimida. Diminuída. Mínima. Um motoqueiro passa e oferece comprimido. Não, estúpido, NÃO! Vruuummm, boooom, zoooom...ahhhhhhhhrgh....ahhh...meu deus, será que ....ahhhh....não....ainda não...mas um pouco, concentre-se...lembre-se...quem você é...eu...ela...ele...nós...mãos firmes...segure...segura?

Cena 6: Ela aperta seu garoto passivo-compassivo. Ele está irreconhecível a ela. Ambos estão. Mas são. Estão. Quanto tempo se passou? Mãos. Tato-pacto reconhecível. Ele a leva embora.

Cena 7: Está acontecendo agora.


...vidinha ridícula ao som do obrigatório Chelsea Girl,  da eterna Nico, obrigada.

sexta-feira, 2 de abril de 2010

Quero & Quebro



A urgência do prazer guiava a criatura. A inconsciência, sempre constante, cortava a realidade. Seus gestos, sussurros e lamentos nunca ignoravam o deleite doloroso. O round havia começado há anos e a fidelidade narcisista destruía qualquer tentativa de fim.