quinta-feira, 1 de dezembro de 2011

Ladainha regressiva







Contentamento suicida – como não suportar a satisfação

O  tempo não pode ser um fator de cura. Um espaço na procura por cura. Tortura.
Impulso, compulsão, desgaste neurótico, autoimposto.
Um antigo desenho-fantasma das fantasias reais, um cheiro forte de sexo choraminga e berra, bela.
Eu posso ser o que não sou se não sei o que já sou,
Guerras de consentimento infantil tremendo, galopes de mim ao vento, escuro, escura.
Ondas de ode hedonista preguiçosa e telepática jorram na individualidade massiva
O tempo não pode ser o foder da cura
Os chiqueiros opinativos tecem o passado e minha lama está secando
Ao regredir a persona consciente de outrora,  rastejo feito louca sobre o inconsciente, mas sou um momento apenas, um flagelo psíquico de carne rosada
O amor jorra algo que não imploro, eu tinha uma vida que também não foi implorada ou explorada, tanto faz, o poder confuso ofusca a tentativa de ordem
Eu ordeno nada, eu reclamo nada, eu esvazio nada, eu repito nada, mas já nada não basta, tudo escapou, o pouco cegou e o nada é gelo, fogo e divisões ao ar
Cutuco e cheiro os pedaços podres da minha pele. Estou farta implorando por mais, sem prazer.
A repetição, a repetição, a idéia de repetição alcoolizou os movimentos certeiros, uma mão amiga e carinhosa tenta contornar o outro em transferência de sims
Mas há sempre um cão fiel ao não.



Colo ausente

O numero 1 marron no lábio seco feito tattoo
Alagada-  a luz frágil dos cílios
Eu estive em todos os lugares sem um único som
E então estrondo uma via de mão dupla barulhenta
Quando consoantes no deserto
Fomos seco feito água moderna sebosa
E mais uma vez um disfarce em preto e branco mancha no colo ausente
Eu estive em todos os lugares escutando um único som
E então nunca mais soube distinguir minha voz.



CFD em Sidney 

Há uma brincadeira moribunda em minha face
Um diálogo sem mensagem definida, apago todas sem entender
Eu confundo Jesus com Jung, esqueceram de me contar histórias cont(f)orn(t)áveis
Roteiros em devaneio, uma nuca ferida
Não há expressão definida
Come,come,come
Fode, fode, fode,
Dorme, dorme, dorme.

Não existe Sidney em minha rua.


Desjejum vegetal



Meu berço bruto e febril
A festa nunca termina e o ouvido zune canções de ninar
O menino sol brilha em seu planeta de origem
Eu fui romântica com tanto desprezo
E você, doce vagarosa que se instala no meu item
A selvageria nunca termina e estou pronta para me arranhar
Eu olhei fundo na tua íris e vi mais do que pude suportar
Então, cega e decidida, resolvi me implorar
No meu berço bruto e febril
Minha cabeça infantil machuca em tua direção
Imatura e decidida resolvi não resolver
Há lençóis enozados em meu pescoço sem nenhum comprometimento suicida
Posse e desperdício líquido eliminam e alimentam a nossa grande perda
Sou ceia faminta, eterno desjejum.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

d.i.s.e.a.s.e. religion



O amor é uma religião? E então foi dito: "eu não acredito em deus, acreditava em você". 

quinta-feira, 9 de junho de 2011

Eu, me ufe (do verbo "ufar")



Eu realmente me equivoquei. Sou virgem de mim. E me chamaram de neném alguns poucos dias atrás. Terapias paralelas, automóvel alcoolizado e pessoas desconhecidas. Estou deitada na minha janela e não gosto do som familiar do corredor. Quero quebrar meus dentes, eles estão tão amarelados, não envergonhados. Eu amarro minha boca. Fecho o rosto, nublada, amiga, nublada. Meu cabelo cresce rápido, que droga. Eu não tenho cuidado, eu não tenho tato, eu destrato. Quebrei o piso superior do meu raciocínio e, não, não estou no andar inferior. Mas sinceramente sou atriz performática. O meu livro é bom, as minhas fotos são ótimas mas eu não consigo ainda acreditar em tudo isso. Sofro pequena na minha grande miserinha. E falo pra karaleo aos quatro ventos da minha esquina-esquiva de relacionamento. Não acreditam, dão risada, eu palhaça. Mas quer saber, não ligo, porque, afinal nem eu b(r)oto fé. (f)É. Triste? Raivosa? Angulosa? Gulosa? Ah sim, inquieta, remelenta, bolorenta. Pra ninguém. Só pra mim, porque eu me mereço um tiquinho as vezes. E é assim ó moço! Cadê você ó moça? Ah, os barulhos não cessam, meu relógio é um troço chato, gosta de cantar e eu não decoro nunca. Tive um irmãozinho mulato, um branquinho e uma outra que sumiu. Nunca fomos parecidas, ninguém merece ser né. Seria enfadonho demais. E.n.f.a.d.o.n.h.o, eita palavra escrota. A criação é engraçada. As influências talvez catástrofes. Eita, outra miragem apareceu no meu sonho. Um pouco de incesto, um pouco de desejo, um pouco de lamento. Então tá certo! Ha. Desculpe, sou sincera mãe. Tadinha(s). Agora sim lembrei duma tia antiga que mora num sítio moderno. Nunca mais fui lá, brigaram, a família. Pra variar. Senão a vida não tem emoção. E eu quase infartei esses dias de tanta emoção. É que sou intensa né, pai. Aí inventei que amava um(a) lá...nossa, que judiação eu fiz comigo. Aí lembrei que eu tinha inventado tudo, nossa, que judiação besta. Eu não aprendi a rezar, então as vezes misturo o pai nosso com um pouco de realidade. É, fico um tanto fora do ar. Última vez tá sendo agora.


Adoro Adélia Prado, "Bagagem" é um dos meus livros preferidos e me ajuda em horas não práticas como nesta em que acabo de escrever. Nada a ver? Boa noite pra vc.

segunda-feira, 9 de maio de 2011

Dank u


Não estou pronta, não me escute
Será que estaremos um dia prontos? Encerrados? Consumidos?
Esses tolos, cruéis sentimentos deslocados
Eu me devasto, arranco a roseira sangrenta
E continuo gotejante
Minha cama úmida e áspera
Estanco, espanco a monstra íntima
Sou obscena e assisto o resto de olhos fechados
Kid kid kid
You grew up mad
Her lips don´t move (4x)
A dor mental sangra paciência
A dor mental sorri violência
Escuto melodias assobiáveis, nunca dóceis
Se o mundo é esta aldeia líquida eu não sou teu índio
Sem critérios, ficção cara x  fatos baratos
Chega de saudade, imploda a alteridade.



segunda-feira, 14 de março de 2011

Spitrose



I miss the rose
I wanna a rose
I need the rose
I wanna a rose
I miss the rose
I need the rose

Is the skin, is the spit, is the sky that I touched?

Roses...I spit roses

I miss the rose
I wanna a rose
I miss the rose
I wanna a rose
I need the rose
I wanna a rose

Is the skin, is the spit, is the sky that I touched?

Roses...I spit roses

Desenho inspirado na HQ Blood- Uma história de sangue, escrita por ninguém menos que J.M. Dematteis, autor da fabulosa  Moonshadow.

sexta-feira, 4 de março de 2011

Réveillon da ode





Exausta, eu só queria dormir agarradinha ao lado dele,
Exausta, percebo o grande vácuo ocupado irregularmente,
Exausta, expectoro merda pelos poros, meu cú arde toda droga enfiada pela boca medrosa,
Exausta, noto a grande santa filha da puta que venho sendo,
Exausta, rezo a algum deus para me aceitar e devolver a paz que detono,
Exausta, tento dormir a horas e pensamentos viram HQs reais,
Exausta, vomito a grande ceia e me afogo em nossa vida alheia,
Exausta, ouço os passos silenciosos da minha gata e seu miado distante,
Exausta, tento parar de pensar para me acalmar,
Exausta, lembro que acabou meu gás a dias,
Exausta,  visito todos os telhados que possuo,
Exausta, tento fechar os olhos no corredor onde minha displicência pede ca(r)ma.



Não abuse da vida. 
 Autoerrotrato psycho.

quinta-feira, 3 de março de 2011

A paz é uma guerra pessoal




Sem título

Meus olhos se cansam ao lembrar dos melhores momentos
Minha imaginação é fraca e louca de expectativas
Eu me encharco inteira para você me secar
Mas continuo úmida.

A dor de ser ator

Influência catastrófica afogada na consciência
Vejo luz e faca
O que me cega é tudo que procuro, nunca encontrado.

Panturrilha

Ah, então isto é amor de verdade? Você tem que tirar tudo da pessoa para então devolver com amor de verdade, amor de verdade. O amor é a maior verdade.


Escriteens, algo entre 2004 e 2007, acho. Tempo louco que me fez ficar. Desenho "mutilado" duma antiga camiseta da Kaspar Horse por Amandla R. 

sábado, 26 de fevereiro de 2011

Se pudesse chamaria pelo teu nome



Os olhos de bambu
Nos galhos da noite
Desfazem e refazem o ninho.

Foto por Amandla Rocha - Série Desespero - Sandman

quinta-feira, 17 de fevereiro de 2011

O plano da ilusão



O calor dos lábios frios
A mão calejada de desejo e obstinação vazia
Sua figura tímida de torpor
Eu era pequena quando me apaixonei pela verdade
E então cresci próxima da insanidade
Mas se tudo é tão real e moldável pela vontade
Eu poderia escorregar mil vezes pelo seu corpo branco
E o sangue negro do meu amor em cactos forma um louco lago sonoro
Eu poderia gritar mais alto pra você ir embora
A corrente forçosa de esperança me mantém aterrorizada nesta cidade
E todos querem se dar bem
Mas me diga quando chegaremos ao abismo?
Tenho uma visão turva sobre os fatos
Eu rabisco umas palavras para conseguir me ler melhor
E você estranho e próximo demais
Cega minha tendência frágil de ser vidro pontiagudo
Já que a realidade é una, e eu não conheço outra etapa evolutiva
Vamos dançar na próxima semana, nos absorver pelo amor extenso e profano
Eu sou sua, você é meu, porque então não paramos de fingir o jogo do adeus.


Fevereiro febril da porra, faça-me voltar a mim.
*Foto por Amandla R. do TCC A fotografia ensaiada : A imagem do museu no sonho - Uma visão imaginária da HQ Sandman (2010)

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Sobber Fog


 É difícil entender o significado de ser abstrato
A forma abstrata é clara, eu compreendo
Mas a neblina e o depois sempre ofuscam a liberdade e a possibilidade de ser nada
Sim, eu sinto falta dos dias de pensamento sóbrio
Obrigada por ainda ser minha própria tragédia
Sim, eu gostaria dos dias de neblina sóbria
Obrigada por ainda ser minha própria insanidade.


Som da banda Kaspar Horse, que espero tocar na próxima semana na Seletiva Grito Rock Bauru

sexta-feira, 11 de fevereiro de 2011

Eu sou um sonho, então me foda!



*Foto por Amandla R. do TCC A fotografia ensaiada : A imagem do museu no sonho - Uma visão imaginária da HQ Sandman (2010)


Slides, um momento

Você me deu ótimos momentos
e a constante realidade machuca de esperança
Você me dá ótimos confortos
mas o que eu visto dói.


Eu fui uma operação

Sinto a carne morta da minha língua viva
sensibilidades distintas
agonia é harmonia
os elétrons insconstantes dançam
todos os meus movimentos pela reação que arde
a divisão exata em minha boca
química maldita que cura e estraga
como uma criança espero o seu retorno
ansiosa pelos dias incertos que seguem anestesiados.


Memória

Eu precisava esquecer aquelas pessoas
até sentir alguma falta delas


Continum desnecessário


Eu não tenho herança alguma
não sou herdeira dessa sua cultura
sou um passeio inacabado no trago da vida.


Escriteens entre 2001 e 2004. Hoje estou velha, rabugenta e sem saco pra escrever e postar aqui.