
Eu quero te derramar toda dentro de mim,
Te beber inteira
Sem pudor, rancor ou valor
Eu quero te esfregar na beira,
Suar a tua alma junto aos demônios
Só ardor-odor-calor
Eu quero te entrar imensa, rastejando ao teu altar
Com sombra, com chuva, toda imunda
Eu quero te enxugar, lambuzar, estourar, roubar e sonhar
Vivo nos capins sem fim, na planície aveludada dos teus trigos
Morna, ondas revoltas de ar dançam a canção de bruços
Escapa e trata, maltrata
Rota, ou outra memória
O derrame de sentidos excluídos,
Nula de razão, sou fração, queimação
Vermelho uterino, mendigo o abismo
Cheiro de fumaça, desgraça, pirraça
Antônia, louca e fraca glória
Amanheça descalça a ti mesma
Teus calos calmos pedem passagem.
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