quarta-feira, 14 de agosto de 2013

Antônia


  • Eu quero te derramar toda dentro de mim, Te beber inteira Sem pudor, rancor ou valor Eu quero te esfregar na beira, Suar a tua alma junto aos demônios Só ardor-odor-calor Eu quero te entrar imensa, rastejando ao teu altar Com sombra, com chuva, toda imunda Eu quero te enxugar, lambuzar, estourar, roubar e sonhar Vivo nos capins sem fim, na planície aveludada dos teus trigos Morna, ondas revoltas de ar dançam a canção de bruços Escapa e trata, maltrata Rota, ou outra memória O derrame de sentidos excluídos, Nula de razão, sou fração, queimação Vermelho uterino, mendigo o abismo Cheiro de fumaça, desgraça, pirraça Antônia, louca e fraca glória Amanheça descalça a ti mesma Teus calos calmos pedem passagem.




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