quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Viver como miniatura


Longo agouro, curto estouro,
As paredes estão irritadas, 
meu chão inchado
Não reconheço mais 
o que gostaria de pensar 
A convivência é um fardo falho 
e os insetos se multiplicam aos horrores
Enxergo a descrença diariamente e meus ouvidos são maltratados mais do que suportariam maltratar
Penso e regurgito,
A minha crença-doença desconstrói qualquer tentativa de cimento
Rachaduras, rachaduras, meu barro e minha água.

Um comentário:

  1. Do barro Deus fez o homem.
    Da dúvida nasce a fé.
    Tinha uma pedra no meio do caminho,
    para que chutá-la e quebrar o dedão?
    Contemple a beleza da pedra, pode ser preciosa.
    Ultrapasse a pedra, à espera de outras:
    são o sal do caminho.
    Sente-se na pedra para descansar.
    Ajoelhe-se (pode ser mentalmente)
    diante da pedra para fazer uma oração (sabia que todo altar tem uma pedra - chama-se ara - onde o homem faz seu sacrifício a Deus?).
    Oras, pedras.
    Se não fossem as pedras,
    que seria da beleza da paisagem?
    Sísifo leva eternamente a sua pedra
    até o alto da montanha,
    de onde cai para que Sísifo recomece
    - e Sísifo recomeça: é um poeta.
    O mito de Sísifo retrata a impossibilidade
    de o homem chegar até Deus? Se Sísifo continua, é porque chegou a Deus.
    Carreguemos nossa pedra.

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