sábado, 26 de dezembro de 2009

Parestesia gratuita




Eles me arrancaram o paladar e a sensibilidade
E eu ainda sinto o gosto exaltado de sua química
Me costuraram feito um bezerro e me examinaram como experimento
Como um túmulo aberto há 4 dias meu hálito ecoa
Os sons caminham lentamente para fora da minha boca
E o estralar de ossos em minha cabeça funciona como um brinquedo quebrado
Todos vestiam branco e sorriam anestesiados
Sem nenhuma explicação audível seus gestos traduziam tudo
E eu não podia abrir meus olhos
Então consegui ver meu reflexo no espelho fosco
Mas o horror já tinha se instalado em minha boca.


obs: Letra das antigas feita em  "homenagem" aos pretensos profissionais de odontologia da USP que me ferraram por mais de 5 horas numa maca cirúrgica para a retirada de 2 dentes do siso em 2003-2004. A parestesia ficou de lembrança em alguns pedaços da minha língua.

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