segunda-feira, 5 de abril de 2010

Normal é tudo que existe. (?)

Cena 1:  A garota passa mal. Abusada, abusou. O companheiro da jornada está além. Bem? Somente aquém. Seus olhos negros foscos loucos. Some.

Cena 2: A garota liga pra seu garoto. Ele absorto. Põe roupa, vai até ela.
Eternos quarteirões. Nada pode fazer. Apenas estar. As mãos se encontram. Pacto-tato.

Cena 3: Água, tragam água. Baba. Fixa o olhar no poste. A placa PARE grita. Ela está sentada na sarjeta. Dejavu. Nenhum movimento, luta com sua mente. Manteve-se, quase. Não, não olhe.

Cena 4: Perdeu-se. Mergulha fundo. De novo. Tenta lembrar alguma reza,  tem pressa. Tudo gira, ofusca, dói. Vórtice negro e branco, palpitação, aceleração, contaminação. Fixa o olhar num matinho insistente entre o seco e o verde. Náusea, água, gelo, frio.

Cena 5: Pressão, pressão, pressão. Sal, tragam sal. Água, água. A garota está comprimida. Diminuída. Mínima. Um motoqueiro passa e oferece comprimido. Não, estúpido, NÃO! Vruuummm, boooom, zoooom...ahhhhhhhhrgh....ahhh...meu deus, será que ....ahhhh....não....ainda não...mas um pouco, concentre-se...lembre-se...quem você é...eu...ela...ele...nós...mãos firmes...segure...segura?

Cena 6: Ela aperta seu garoto passivo-compassivo. Ele está irreconhecível a ela. Ambos estão. Mas são. Estão. Quanto tempo se passou? Mãos. Tato-pacto reconhecível. Ele a leva embora.

Cena 7: Está acontecendo agora.


...vidinha ridícula ao som do obrigatório Chelsea Girl,  da eterna Nico, obrigada.

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