domingo, 5 de janeiro de 2014

Sobre a mesa



A mesa era escura
Como meus sonhos mais sombrios
Eu não conseguia mantê-la limpa
A mesa, fria, abraçava as lembranças inseguras
Tolhia, doía e invadia ingrata

Fixa, imóvel e gigante pelo tempo
O tempo, o maltrato domesticado,
A raiz de mármore sujo mastiga
O tronco enraizado de ladrilhos quebradiços

Redonda e familiar,
Grita o sufoco a distância
Pequenos buracos cravados em sua superfície
Pratos, talheres e dentes rangentes

O não-diálogo interno,
O declínio em perspectiva
Emudecem as cadeiras indigestas
Resta um ao pé da mesa a sobreviver
A resistir a si mesmo.


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